quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Em alta, scooters conquistaram o mundo após a 2ª Guerra; veja modelos históricos


No mês do importante lançamento do Dafra Cityclass 200i, vale a pena relembrar como surgiu o modelo considerado precursor do segmento dos scooters, a lendária Vespa.


Na Itália dos anos 1940, um dos efeitos da 2ª Guerra Mundial em pleno andamento era a precariedade dos meios de transporte. Uma empresa envolvida na fabricação de aviões, a Piaggio, “viu longe”, entendendo que o conflito estava perto do fim e, mais do que caças, bombardeiros e armamentos, seriam necessários meios de locomoção acessíveis à maioria da população.


Em 1944, o “capo” (chefe, em italiano) da empresa, Enrico Piaggio, designa a seus engenheiros aeronáuticos a missão de projetar um meio de transporte sobre duas rodas barato, econômico e fácil de usar. Aproveitando sobras de chapa usadas para construção de aviões, Renzo Spolti e Vittorio Casini criaram a MP5, logo apelidada de “Paperino” (patinho, em italiano). Para o modelo, a dupla se inspirou nas soluções técnicas de modelos rústicos de pequenas motos, que então eram lançadas dos aviões junto com paraquedistas. Mas Enrico Piaggio não aprovou a proposta, achando muito inconveniente a existência do túnel central que obrigava o condutor a montar como se fosse em uma moto. Isso, segundo ele, limitaria a aceitação entre as mulheres.



Para dar sequência ao projeto, foi chamado outro engenheiro aeronáutico, Corradino D’Ascanio, que apresentou ao patrão o modelo MP6 em 1946. Ao ver o protótipo, Enrico Piaggio exclamou: “Parece uma vespa!”. O motor alojado na parte traseira, acoplado à roda, permitiu eliminar o túnel central, fazendo com que a traseira da MP6 fosse gordinha, exatamente como o corpo de uma vespa. Em abril daquele mesmo ano, o modelo foi patenteado e logo as vendas começaram. O sucesso não tardou, e a Vespa invadiu o planeta.


Assoalho plano, escudo frontal protegendo as pernas das intempéries, a possibilidade de levar dois adultos e um estepe, além da facilidade de condução resultante de comandos diferenciados – câmbio e embreagem concentrados na mão esquerda –, conquistaram pessoas que jamais considerariam usar uma motocicleta como meio de transporte. Era exatamente o que queria Enrico Piaggio: algo mais prático e mais acessível do que uma moto. Aliás, o projetista D’Ascanio criticava motocicletas, considerando-as veículos de condução complexa e pouco adequados às condições da época, um tempo em que as estradas estavam em péssimas condições por conta da guerra, o que provocava constantes furos de pneus. Um conserto de pneu em uma moto exigia desmontagem complexa e demorada, o que não ocorria na Vespa.


A origem aeronáutica de várias soluções técnicas da Vespa é evidente, como a suspensão dianteira monobraço, muito semelhante à do trem de pouso do avião Piaggio P-108. Outro detalhe positivo da Vespa era o fato de o motor estar encapsulado no chassi monobloco de aço, e assim afastar as sujeiras dos trajes do condutor. Um detalhe técnico importante era a transmissão não ser por corrente, como nas motos e bicicletas, e sim por engrenagens, que tornavam desnecessária qualquer operação de regulagem.
Veja abaixo os modelos 98 e 125:


Passados quase 70 anos do nascimento da Vespa, as características que fizeram dela um sucesso mundial são exatamente as mesmas que justificam o sucesso dos scooters atualmente, inclusive das diversas versões da Vespa (veja o modelo 2013, a 946, abaixo) que ainda saem das linhas de produção da histórica fábrica de Pontedera, nos arredores de Pisa, na Itália, herdeiras das formas do modelo original, mas dotadas da mais moderna tecnologia. 


Símbolo do design italiano a ponto de fazer parte da exposição permanente de importantes museus como o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (EUA), conhecido como MoMA, a Vespa é certamente responsável por aproximar do mundo das duas rodas pessoas que jamais cogitariam usar uma motocicleta como meio de locomoção. Exatamente como queria Enrico Piaggio. Exatamente como estabelecido no projeto de Corradino D’Ascanio.



Matéria publicada por:
http://g1.globo.com/motos/blog/dicas-de-motos/1.html

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